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Ex-procurador anticorrupção, Taques deixa governo de MT sob acusação

Por Notícias ao Minuto 26/12/2018 - 07:52

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Foto: Divulgação
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Afetado na campanha eleitoral pela revelação de que o STF (Supremo Tribunal Federal) havia homologado duas delações que o citavam, o governador mato-grossense Pedro Taques (PSDB) ordenou o levantamento de tudo o que pudesse desmontar as menções apresentadas contra ele pelos colaboradores.

A demanda fez funcionários revirarem a noite organizando documentos.

Já reunidos, esses papéis são considerados uma espécie de dossiê de defesa prévia de Taques em seus últimos dias no Palácio Paiaguás, sede do governo do estado.

O tucano tentou a reeleição, mas amargou um terceiro lugar numa disputa em que Mauro Mendes (DEM) venceu no primeiro turno.

Durante seu mandato, presenciou a prisão de aliados -como o ex-Casa Civil Paulo Taques, seu primo, e o ex-secretário da Educação Permínio Pinto- e a transformação de outros em desafetos -como o promotor Mauro Zaque, ex-secretário de Segurança Pública, e até um deputado do PSDB, Baiano Filho.

Na campanha, mais rompimentos: a juíza Selma Arruda, candidata ao Senado pelo PSL, anunciou que deixou de apoiá-lo ao saber das homologações. Ela foi eleita.

Agora, com os documentos, o governador tenta se preservar em um estado cujas operações policiais têm mirado políticos e agentes públicos. Alguns dos principais alvos foram o ex-governador Silval Barbosa (2010-2014), o ex-presidente da Assembleia Legislativa José Riva e Paulo Taques.

Outro objetivo de Pedro Taques é resguardar a imagem política que construiu, de combatente intolerante da corrupção: ex-procurador da República, pediu a prisão de Jader Barbalho (MDB-PA) em 2002.

Ao longo do mandato como governador, ele já vinha se antecipando juridicamente aos escândalos que poderiam afetá-lo. 

Depois que Mauro Zaque deixou a Secretaria de Segurança Pública, no fim de 2015, acusou o Taques de ter conhecimento de um esquema de grampeamento de adversários e pediu investigação à PGR (Procuradoria-Geral da República). 

Quando o caso foi a público, o próprio Taques, em ofício, também solicitou que a PGR o investigasse. Atualmente, o caso é apurado no âmbito do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Zaque diz, no entanto, que Taques só pediu para ser investigado quando caso não pôde ser mais abafado.À reportagem, afirma que deixou a Secretaria de Justiça no fim de 2015 à espera de medidas contra os autores dos grampos e, um ano depois, "o governador não havia tomado providências a esse respeito". 

Outro caso em que Taques se adiantou foi a prisão do empresário Alan Malouf, que diz ter sido operador financeiro da campanha do governador em 2014. Um dia antes de Malouf ser preso, o tucano registrou um depoimento em cartório afirmando que o empresário diria que o retaliaria.

Malouf também é o principal motivo para Taques ter passado os últimos meses juntando material de defesa.

Ao ser preso, em meio a uma operação que desvendou um esquema de corrupção na Secretaria de Educação, o empresário abriu a boca: disse em delação que fazia parte de um grupo que geria o caixa dois de campanha de Taques.

Segundo ele, foram captados R$ 10 milhões para o então candidato dessa forma. Ele ainda citou supostos benefícios concedidos a empresários pela gestão do tucano.


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